ATROARI
Nomes alternativos:
Atruahí, Atroaí, Atrowari, Atroahy, Ki’nya
Atruahí, Atroaí, Atrowari, Atroahy, Ki’nya
Classificação linguística: Caribe
População: 350 (1995 SIL)
Local: Nos rios Alalau e Camanau na fronteira
entre o estado de Amazonas e o território de Roraima.
Também nos rios Jatapu e Jauaperi.
entre o estado de Amazonas e o território de Roraima.
Também nos rios Jatapu e Jauaperi.
Durante vários períodos do ano, os Waimiri Atroari interrompem suas atividades cotidianas para realizarem suas festas.
Não há um calendário específico para os maryba e as datas são definidas com os Eremy (cantores), ocorrendo geralmente nos períodos de pouco trabalho comunitário, como preparo e plantio de roçados.
Não há um calendário específico para os maryba e as datas são definidas com os Eremy (cantores), ocorrendo geralmente nos períodos de pouco trabalho comunitário, como preparo e plantio de roçados.
Maryba pode ser traduzido como festa, canto, dança. É um momento ritual e também um momento festivo, onde há suspensão do cotidiano para se transportar para um outro tempo e espaço.
As festas têm um significado especial na vida dos Waimiri Atroari é onde vários grupos locais se reúnem para estabelecer e reafirmar alianças entre eles e os diversos aglomerados.
As festas têm um significado especial na vida dos Waimiri Atroari é onde vários grupos locais se reúnem para estabelecer e reafirmar alianças entre eles e os diversos aglomerados.
Algumas histórias são referências para explicar o surgimento dos maryba. As mais conhecidas são as seguintes:
Na época de Tahkome, Kinja não fazia festa, não sabia cantar nem dançar. Xiriminja, que cedeu esposas aos Tahkome, ensinou um Maryba para ser cantado na ocasião em que foi visitar seu neto.
Enviou recado pedindo para que ninguém chegasse perto de seu descendente, pois queria certificar-se que ele tinha os traços do povo d'água: os dedos ligados por uma membrana.
Chegando na aldeia, com todo seu séquito de cobras grandes e outros Xiriminja, assustou a todos. Porém, logo que saíram das águas os habitantes da aldeia já escutavam seus cantos e puderam ver sua dança. Dançaram e cantaram junto com kinja.
Dentro da maloca, uma criança panaxi (muito curiosa e travessa) quis observar a criança neta de Xiriminja e, quando viu a mão parecida com um pé de pato, esticou os dedos e rasgou a membrana.
Xiriminja, muito irado, retornou para sua moradia. Dessa maneira, somente um pouco dos cantos pode ser aprendido. Esses cantos e danças são executados no Maryba de iniciação masculina, mas não pode haver nenhuma mulher gestante participando, pois Xiriminja pode pensar ser aquele o seu neto.
Num outro momento, Kinja tahkome estava caçando e parou para dormir um pouco. Um pingo de água caiu em seus cílios e, ao abrir os olhos, observou que havia uma mulher diante dele. Tratava-se de Weriri kyrwaky, a filha do papagaio. Kinja ia flechar essa mulher, no entanto seu pai interviu e prometeu a filha em casamento.
Esse kinja casa-se com a mulher papagaio e a leva para a aldeia. Lá, Weriri kyrwaky ensina vários cantos e danças para os Waimiri Atroari. Passado muito tempo, Weriri kyrwaky sente saudades de seu pai e começa a cantar no roçado para chamar atenção de seu genitor.
O esposo desconfiado da artimanha de sua cônjuge mata-a para não deixá-la fugir. Desde de então, até hoje, Kinja passou a cantar e dançar todos os Maryba que aprendeu com seus antepassados.
Há também outros tipos de festas, como o ritual dos mortos-vivos e inauguração de moradia. O Irikwa maryba (ritual dos mortos-vivos) é realizado quando algum espírito maligno está se aproximando da aldeia com o objetivo de acalmá-lo e afastá-lo; ou quando da morte de algum parente, para que sua alma não fique vagando pelo mundo dos vivos.
Irikwa é uma entidade que não traz bons agouros. Vive na floresta e o kinja que a avistar é fadado a definhar até perecer, não havendo tratamento para esse tipo de contágio. O irikwa maryba é feito sempre que necessário, de maneira que não há uma periodicidade em sua realização.
A Mydy maryba (festa da casa nova) acontece quando o grupo local termina os trabalhos de cobrir e fechar as laterais da maloca. Participam dessa festa os diversos grupos domésticos e locais que foram convidados pelos Mydy Iapremy a auxiliarem nos trabalhos de construção da nova maloca.
Essa festa é realizada para solicitar bons fluidos para a nova moradia, para que irikwa não chegue perto, e também para que o material utilizado em sua execução tenha longa durabilidade.