Sanctuarium TICUNA

 


TICUNA
Nomes alternativos: Tikuna, Tukuna
Classificação linguística: Tikuna
População: 35.000 (2008)
Local: Amazonas

Maior etnia da Amazônia brasileira, conta com uma população de 20.135 indivíduos, que ocupam cerca de 70 aldeias às margens do rio Solimões, no Estado do Amazonas. Outra parte do grupo vive no Peru. 


As meninas, quando ficam menstruadas, são submetidas a um ritual de iniciação, que sempre acontece na lua cheia, representando a bondade, a beleza e a sabedoria. Nesta festa, os índios fabricam máscaras de macacos e monstros e enfeites para as virgens. 


Um dos índios usa uma máscara com cara de serpente e incorpora o espírito do principal personagem do ritual, um monstro que vivia na água. Durante os festejos, o monstro faz gestos obscenos que divertem a tribo. 

Ele também ronda o cubículo onde fica a menina, batendo com um bastão no chão. Durante três dias e três noites, essa garota é protegida por duas tias que aproveitam o tempo dando conselhos de como ser uma boa mulher Tikuna: respeitar o marido, ser ativa e trabalhadeira.



Com uma história marcada pela entrada violenta de seringueiros, pescadores e madeireiros na região do rio Solimões, foi somente nos anos 1990 que os Ticuna lograram o reconhecimento oficial da maioria de suas terras.


Hoje enfrentam o desafio de garantir sua sustentabilidade econômica e ambiental, bem como qualificar as relações com a sociedade envolvente mantendo viva sua riquíssima cultura. Não por acaso, as máscaras, desenhos e pinturas desse povo ganharam repercussão internacional. Índio Tikuna.


O XAMANISMO...

O xamanismo tem um papel importante entre os Tikuna e o Xamã que é valorizado como curandeiro, devido ao seu conhecimento em plantas. 





















Os Tikuna creem que o sol causa as epidêmicas que são levadas pelo vento. Creem também que as crianças ficam doentes quando os espíritos das arvores sequestram as almas delas.

Os xamãs são capazes de comunicar com os espíritos de certas arvores. Um xamã mau pode ter contato com estas arvores, e fabricar um pó mágico, que contem espinhos invisíveis. O pó está jogado sobre a vítima, que vai morrer se outro xamã não chupar os espinhos invisíveis fora e aplicar uma pomada de ervas. 


O xamã que causa muitas mortes é considerado um xamã mau. Um xamã bom pode identificar o xamã mau por mastigar tabaco. 

O Xamã mau e sua família serão mortos, pela família das vitimas, para vingar as almas das vitimas (Merkler 2001). A influência os xamãs tem diminuído pela influência dos missionários.


O COSMOVISÃO...

Conforme a mitologia Tikuna o mundo é dividido em dois, um mundo superior e um mundo inferior. O mundo superior existe em baixo das estrelas. Há dois tipos de seres, os mortais e os imortais. 

Os últimos são mortais que vão para lugares eternos, e assim tornam imortais. A posição destes lugares é conhecida, mas eles são inacessíveis (Reyes 2008).

A Deusa Mãe, Taé, reside com índios e os homens que viviam vidas justas no mundo superior. A entrada consiste do espaço entre dois postos que se abre ou feche conforme a vida da pessoa que tenta entrar. 

As almas dos mortos tentam entrar pelo espaço entre os postos; os criminosos são bloqueados. Se um criminoso suceder passar ele será jogado para a terra por Taé, onde está destruído por demônios ou transformado em um sapo e morre. 

A Taé não é a mais poderosa deidade, mas tem o poder de destruir o mal. Ela é o mestre do Naáë, a parte racional e emocional da alma humana.

Todo o mundo tem duas partes da alma, uma, o Naáë vai para o mundo superior e a outra, o Natcií, fica vagando no lugar na terra onde o morto morava.

 O Natcií começa a existir depois da morte; ela se disfarça como um animal durante o dia e assombra cabanas velhas, mas anda a noite em forma humana, e chupa sangue e devora carne e ossos. 

Os Tikuna têm medo dos Natcií. Uma outra fonte descreve as crenças diferentes: Há um bom espírito, Nanuola, e um espírito mau, Locasi. Os mortos estão enterrados em jarros de barro, com comida e arca e flechas.

O mundo inferior consiste de demônios, os seres mais antigos da mitologia Tikuna. Alguns pertencem aos clãs. Têm formas grotescas e vivem em baixo da terra e da água. 

Entram suas habitações por cavernas. O demônio do Oriente é mestre do peixe; o demônio do Ocidente é mestre do barro do oleiro. São perigosos à gente.

O Deus Dyai é o inimigo dos demônios, criou a humanidade, estabelecendo os costumes, leis, e criou a culturas materiais. Ele é herói para os Tikuna e por reverencia substituam seu nome por Tànànti (pai), Baiá ou Búti. 

Os seres mitológicos mais importantes são Yo'i e Ipi, dois irmãos que são heróis e que confrontam os demônios na terra, ou o mundo intermédio e no mundo inferior.

O primeiro homem era Nutapa, de quem descenderam os irmãos e irmãs míticos. A primeira cerimônia de Nova Moça foi iniciada por o xamã poderoso chamado Me'tare.


Os Tikuna têm uma tendência de aceitar movimentos messiânicos. Curt Nimuendaju e Maurício Vinhas de Queiroz identificaram sete movimentos entre os anos 1900 e 1961. 

Estes movimentos começaram com um Tikuna tendo visões e revelações, causando muitos dos índios de se juntar e abandonar o trabalho de seringueiro. Foram terminados por invasões de 'civilizados' matando os índios.

Chegou a noticia em 1971 de um Padre Santo estava fazendo milagres. Este era Irmão José Francisco da Cruz, um mineiro que tinha viajado por muitos países ate chegar no Rio Iça, Peru. 

Nos anos 1980 um movimento messiânico envolveu quase toda a população Tikuna nesta Irmandade da Santa Cruz (Reyes 2008). Para escapar o desastre escatológico os índios tiveram que mudar para as aldeias em redor dos cruzeiros bentos que Padre Santo ergueu. Os batistas e alguns católicos não aderiram ao movimento.