TUPINAMBÁS
Constituíam o povo tupi por excelência. As demais tribos tupis eram, de certa forma, suas descendentes, embora o que de fato as unisse fosse a teia de uma inimizade crônica.
Os tupinambás propriamente ditos ocupavam da margem direita do rio São Francisco até o Recôncavo Baiano. Seriam mais de 100 mil.
Os tupinambás propriamente ditos ocupavam da margem direita do rio São Francisco até o Recôncavo Baiano. Seriam mais de 100 mil.
Conhecidos também como Tamoio ou Tamuya, habitavam várias áreas do litoral brasileiro que ia da atual cidade de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, a Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro. “Tamoio” significa avô, o mais velho, e “Tupinambá” talvez signifique o primeiro, o mais antigo.
Os Tupinambá viviam sobretudo no estado do Rio de Janeiro, onde se calcula um total de 6 mil pessoas. O conjunto da nação Tupinambá nessa região não deveria ultrapassar 10 mil pessoas.
Três traços principais marcavam este povo: a inteligência, a guerra e a abertura para o novo. Uma outra característica marcante dos tupinambás era a prática do canibalismo. Acreditavam que ao consumirem a carne de pessoas, poderiam adquirir suas qualidades (inteligência, coragem, habilidades bélicas, etc).
As diversas tribos tupinambás possuíam uma língua comum, conhecida como tupi, porém não mantinham uma unidade e chegavam até mesmo a guerrearem entre si. Os tupinambás fizeram parte da Confederação dos Tamoios, entre 1556 e 1567, na luta contra os colonizadores portugueses.
É praticamente consenso, embora ainda se discutam alguns aspectos relativos ao período de ocorrência, que os Tupinambás tenham passado a habitar a região do Maranhão e Pará em função da fuga que empreenderam pela costa sul-norte e leste-oeste devido ao avanço dos portugueses nos seus antigos territórios.
Essa diáspora indígena aconteceu portanto com os tupinambás subindo do Rio de Janeiro para o Maranhão e depois entrando do Maranhão pro Pará e Amazonas.
Durante a migração, os Tupinambás dividiram-se em três bandos. Os que se fixaram no Amazonas atingiram primeiramente o rio Madeira. Contudo, alguns conflitos com os espanhóis obrigaram-nos a emigrar novamente. Neste movimento atingiram a ilha dos Tupinambaranas (onde se situa Parintins).
A CABLOCA JUREMA
Filha do Caboclo Tupinambá.
A Cabocla Jurema é filha mais velha do Caboclo Tupinambá. É uma divindade pura, presente nos cultos Afro indígenas-brasileiros, sempre pronta para amparar os sofredores, utilizando-se do processo de cura, através de passes magnéticos, ervas sagradas e de vibrações espirituais.
Filha valente de Tupinambá. Adotada pelo mundo, foi encontrada aos pés do arbusto da planta encantada que lhe deu o nome; e cresceu forte, bonita, como formosura da noite e firmeza do dia.
Corajosa, a cabocla tornou-se a primeira guerreira mulher da tribo, pois a sua força e agilidade e manejo das armas e da ciência da mata, se tornara uma lenda por todo continente; onde contadores de estórias, aos pés da fogueira, falavam da índia de pena dourada, que era a própria mãe Divina encarnada.
Nada causava medo na Cabocla, ate que um dia ela encontrou seu maior adversário; o amor. Jurema se apaixonou por um caboclo chamado Huascar, de uma tribo inimiga chamada Filhos do Sol, que fora preso numa batalha.
Os dias se passaram e o amor aumentava, pois o pior de amar não é amar sozinho e sim amar sem retorno, pois exige do amado, uma ação em prol do amor.
Jurema que aprendera a resistir ao conto do boto, ao veneno da cascavel e da madeira, já resistira bravamente a centenas de emboscadas e que sentia o cheiro à distância de ciladas, não conseguiu resistir ao amor que fluía do seu peito por aquele guerreiro.
Observando o Caboclo preso, ela viu nos olhos dele, as mil vidas que eles passaram juntos, viu seus filhos, o amor que os unia além da carne e percebeu que não foi por acaso, que ele fora o único caboclo capturado vivo, e decidiu libertá-lo, mesmo sabendo que seria expulsa da sua tribo.
Na fuga, seu próprio povo a perseguiu, e em meio a chuva de flechas voando na direção do caboclo fugitivo, foi Jurema que caiu, salvando o seu amado e recebendo a ponta da morte que era pra ele, no seu próprio peito.
Conta a Lenda, que o Caboclo Huascar voltou a Terra do Sol e fundou um império nas montanhas andinas e mandou erguer um templo chamado Matchu Pitchu em homenagem a Jurema, onde, só as mulheres da tribo habitariam e lá aprenderiam a serem guerreiras como a mulher que salvara a sua vida.
E no lugar onde a Jurema caiu, nasceu uma planta rebusca e muito resistente que dá flor o ano inteiro, cujo formato exótico e o tom amarelo-alaranjado intenso chamou atenção de todas as tribos, pois tudo dessa planta poderia ser utilizado, desde as sementes, até as flores e o caule; e porque as flores dessa planta estão sempre viradas para o astro maior; ela ficou conhecida como Girassol.
Acredita-se até que a Árvore da Jurema é sagrada onde reside os Orixás, e é desta árvore que se faz a base do chá chamado "Daime".
Esta Cabocla linda é a Rainha das Matas, filha mais velha do Caboclo Tupinambá. Ela teve mais duas irmãs chamadas: Jupira e Jandira, que da mesma forma que a Cabocla Jurema, são poderosas Entidades de Luz, e tem seus trabalhos dentro da Umbanda muito bem vistos e respeitados.
ÍNDIOS GUERREIROS...
A vida dos grupos locais ou mesmo de "nações" Tupi girava em torno da guerra, da qual faziam parte os rituais antropofágicos.Guerreavam contra grupos locais da mesma nação, entre "nações" e contra os "tapuias".
A guerra e os banquetes antropofágicos reforçavam a unidade da tribo: por meio da guerra era praticada a vingança dos parentes mortos, enquanto o ritual antropofágico significava para todos, homens, mulheres e crianças, a lembrança de seus bravos. O dia da execução era uma grande festa.
Nos banquetes antropofágicos, o prisioneiro era imobilizado por meio de cordas. Mesmo assim, para mostrar seu espírito guerreiro, devia enfrentar com bravura os seus inimigos, debatendo-se e prometendo que os seus logo reparariam a sua morte.
As festas dos Tupinambá estão associadas a rituais católicos. A Festa do Divino Espírito Santo no final de mês de maio é importante para a reunião entre as pessoas que moram nos 'lugares' na Mata e na Vila de Olivença.
A bandeira do Espírito circula durante um mês por todos 'lugares' da Mata. No encerramento da festa uma missa é realizada na igreja de Olivença. A Festa de São Sebastião em janeiro é também importante.
A Festa da Puxada do Mastro é realizada, quando a árvore é derrubada uns três quilômetros da vila. O tronco é arrastado até a praça da cidade e fincado diante da igreja. Pedaços do casco da árvore são extraídos para promessas feitas a São Sebastião.
Esta festa remonta á época colonial quando os jesuítas transformaram o antiga ritual indígena. Os indígenas têm muito razão se identificar com o santo mártir.
Em outubro realizam a festa da Caminhada em Memoria dos Mártires, que se lembra dos sofrimentos e repressões e massacres do passado, quando todos os Tupinambá se pintam para enfatizar a cultura indígena. Também os Tupinambá adortaram desde 2000 o Porancim, uma versão do Toré, praticado por outros indígena na Bahia e Minas Gerais (Viegas 2010).